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R7 Brasília

Recorde da Bolsa de Valores mostra otimismo de investidores, avaliam especialistas

Ibovespa fechou em 140.109 pontos, quarta máxima em menos de duas semanas; fatores externos e internos explicam movimento

Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília

Um dos fatores é a demonstração de responsabilidade fiscal de Lula e Haddad Antonio Cruz/Agência Brasil - 12.3.2025

Economistas ouvidos pelo R7 avaliam que os recordes sucessivos da Bolsa de Valores nas últimas semanas mostram o otimismo de investidores com a perspectiva positiva do país. A confiança do mercado está elevada, graças a fatores externos, como a queda da inflação nos Estados Unidos, e internos, como resultados empresariais e demonstrações de responsabilidade fiscal por parte do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

A bolsa alcançou um marco histórico na terça-feira (20), ao atingir 140 mil pontos pela primeira vez. O Ibovespa teve alta de 0,34% e fechou em 140.109 pontos — o quarto recorde em menos de duas semanas.

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O professor de mercado financeiro da UnB (Universidade de Brasília) César Bergo explica que os aumentos na bolsa foram ocasionados pela subavaliação das ações brasileiras.

“Muitas delas estavam num preço atraente, então como o dólar caiu, os investidores estrangeiros voltaram a comprar, inclusive em função, também, do risco maior no mercado americano, devido à inflação e ao tarifaço [do presidente Donald Trump]”, aponta.


De forma geral, as ações do Brasil estavam baratas e essa foi a percepção dos investidores. “Como um terço do que é investido no Brasil vem de fora, houve essa corrida”, acrescenta Bergo. O economista cita algumas empresas brasileiras com valorização.

“A Petrobras deu uma corrida por conta do preço do petróleo, que andou recuperando em relação a preços anteriores. Há também a atuação das siderúrgicas, com idas e vindas, que acabam, de alguma forma, sendo valorizadas. Tivemos ótimos resultados, sobretudo dos bancos. Os resultados corporativos também foram positivos”, continua.


Para o economista Hugo Garbe, o recorde da bolsa traz uma mensagem clara. “Há, por parte dos investidores, uma leitura mais positiva das expectativas econômicas futuras. E essa confiança não surge do acaso”, avalia, ao destacar o “alinhamento de fundamentos econômicos, ainda que de forma imperfeita”.

Ele também destaca resultados corporativos. “Especialmente no setor de educação, alimentação e energia. [Os resultados] vieram acima das expectativas, reforçando a percepção de que, mesmo em um cenário desafiador, há resiliência”, avalia.


Fatores externos

No cenário internacional, Garbe destaca a queda da inflação nos Estados Unidos e a retomada do diálogo entre Washington e Pequim, fatores que contribuem para a redução do nível de aversão ao risco global. “Isso favorece países emergentes, como o Brasil, que voltam ao radar de grandes fundos internacionais”, observa.

Motivos internos

César Bergo destaca também que a responsabilidade fiscal com os gastos públicos pesa na avaliação dos investimentos em bolsa.

“Então, na medida que o governo apresenta números e mostra a intenção de controlar gastos e a arrecadação vem performando, fortalece, sim, a bolsa. E, recentemente, saíram informações com relação ao crescimento econômico do Brasil, que está sendo melhor do que o esperado”, acrescenta o especialista. Na segunda-feira (19), o ministro Fernando Haddad apresentou a Lula novas medidas fiscais para segurar os gastos e elevar a arrecadação. As medidas podem ser apresentadas nesta quinta-feira (22).

Apesar de mais cético, Garbe concorda com o colega. “Não se trata de ignorar os riscos: o cenário fiscal brasileiro continua desafiador, as tensões políticas internas não cessam, e as variáveis externas permanecem instáveis”, elenca, ao ponderar que o recorde da bolsa não é um mero dado estatístico frio.

“É, na verdade, um termômetro de expectativas. Espera-se que o Brasil continue adotando políticas econômicas responsáveis, que preserve o compromisso com o controle fiscal e que mantenha um diálogo produtivo com o setor privado”, destaca Garbe.

Avaliação cautelosa

Na avaliação de César Bergo, o movimento da bolsa é um bom sinal. “Mostra que a economia brasileira está, de alguma forma, atraindo investimento. Obviamente, ação é um ativo de risco com renda variável, então tem de ser avaliado com muito cuidado, mas o fato de a bolsa bater 140 mil pontos é positivo. A caminhada e o fortalecimento da Bolsa de Valores é um importante vetor da economia”, afirma Bergo.

Na mesma linha de ponderação, o advogado Francisco Capote Valente, especialista em assessoria consultiva e contratual em negociações empresariais e societárias, destaca que o recorde da bolsa foi nominal, não o maior resultado de todos os tempos. “140 mil pontos hoje é diferente do que seria 140 mil em 2023″, exemplifica o sócio do escritório Duarte Garcia, Serra Netto e Terra.

“Em outras palavras, olhar para as máximas nominais recentes não significa dizer que a bolsa está em seu valor máximo. Ao contrário, existe um entendimento de que a bolsa, ou seja, os papéis nela negociados, estão baratos e, assim, existe bastante gente comprando, resultando numa valorização”, explica.

Capote Valente também aponta o investimento em países em desenvolvimento. “Outro motivo é um movimento de alguns grandes players mundiais, que estão deixando de investir no mercado americano para investir em mercados emergentes. Isso faz com que haja fluxo de recursos para a bolsa brasileira e, assim, valorização”, avalia o especialista.

Apesar da reticência, o advogado afirma que os resultados do Ibovespa são positivos. “É sempre bom ter um incremento de recursos na bolsa de valores, gerando riqueza para quem nela investe e, última análise, para o país”, acrescenta.

Para o especialista, os resultados da bolsa de valores têm conexão com a economia no longo prazo. “No curto prazo, se as máximas forem decorrentes de ingresso de capital estrangeiro no Brasil, o real pode se valorizar perante o dólar e poderá haver redução em pressões inflacionárias diretamente ligadas ao valor do dólar, como o combustível”, conclui.

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