Mercado vê economia na direção errada e maioria espera recessão, aponta Quaest
Levantamento foi realizado entre os dias 12 e 17 de março, com 106 fundos de investimento sediados em São Paulo e Rio de Janeiro
Economia|Victoria Lacerda, do R7, em Brasília

A confiança do mercado financeiro na economia brasileira segue em queda, de acordo com a mais recente pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta quarta-feira (19). O levantamento aponta que 93% dos agentes financeiros consideram que a política econômica do país está na direção errada, e 58% acreditam que o Brasil pode entrar em recessão em 2025.
Além disso, a avaliação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, despencou. Em dezembro de 2024, apenas 24% o avaliavam negativamente, mas esse índice subiu para 58% na pesquisa atual. Enquanto isso, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, teve uma recepção mais positiva no mercado, com 45% de aprovação.
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O levantamento foi realizado entre os dias 12 e 17 de março, com 106 fundos de investimento sediados em São Paulo e Rio de Janeiro. Foram entrevistados gestores, economistas, analistas e tomadores de decisão do mercado financeiro. A margem de erro é de 3,4 pontos percentuais para mais ou para menos.
Percepção negativa da economia
A pesquisa mostra um pessimismo entre os agentes financeiros em relação ao futuro da economia brasileira.
- 93% acreditam que o Brasil está no rumo econômico errado;
- 83% preveem que a situação econômica vai piorar nos próximos 12 meses;
- 58% consideram que o país pode entrar em recessão em 2025;
- 82% esperam que a inflação será maior do que em 2024.
Outro ponto de alerta para o mercado é a política monetária. Dos entrevistados, 87% acreditam que o Copom (Comitê de Política Monetária) aumentará a taxa Selic em 1 ponto percentual na próxima reunião. Apenas 5% apostam em um ajuste menor, de 0,5 ponto, enquanto 2% acreditam que os juros permanecerão no atual patamar de 13,25% ao ano.
Governo Lula é reprovado pelo mercado
A pesquisa aponta que 88% dos agentes financeiros avaliam negativamente o governo Lula, enquanto apenas 4% o consideram positivo e 8% o classificam como regular. Embora a reprovação tenha caído levemente em relação à pesquisa de dezembro de 2024, quando 90% o avaliavam negativamente, a visão do mercado sobre o governo segue predominantemente crítica.
Avaliação do governo Lula
- Negativa: 88% (eram 90% em dezembro de 2024);
- Regular: 8% (eram 7%);
- Positiva: 4% (eram 3%).
Entre os fatores que mais influenciam essa avaliação negativa, os entrevistados citaram:
- A alta dos preços dos alimentos (64%);
- A condução “equivocada” da política econômica (56%);
- O aumento da carga tributária (41%).
Avaliação de Fernando Haddad despenca
A percepção do mercado em relação ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sofreu uma virada expressiva desde a última pesquisa. 58% agora avaliam sua atuação de forma negativa, contra apenas 24% em dezembro. Já a aprovação do ministro caiu de 41% para 10%.
Avaliação de Fernando Haddad
- Negativa: 58% (eram 24% em dezembro de 2024);
- Regular: 32% (eram 35%);
- Positiva: 10% (eram 41%).
Além disso, 85% dos entrevistados acreditam que a influência de Haddad dentro do governo Lula diminuiu, um aumento expressivo em relação aos 61% registrados na pesquisa anterior. Apenas 1% avalia que sua força aumentou, enquanto 14% consideram que se manteve igual.
Banco Central: Gabriel Galípolo recebe avaliação positiva
Diferentemente do governo e do Ministério da Fazenda, o novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, teve uma recepção relativamente positiva no mercado. 45% dos entrevistados aprovam sua gestão, enquanto 41% a consideram regular e apenas 8% a veem de forma negativa.
Avaliação de Gabriel Galípolo no BC
- Positiva: 45%;
- Regular: 41%;
- Negativa: 8%;
- Não souberam responder: 6%.
Galípolo assumiu o comando do Banco Central em outubro de 2024, substituindo Roberto Campos Neto. Seu desempenho está sendo acompanhado de perto pelo mercado, especialmente no contexto de incertezas sobre a política monetária e as decisões do Copom.
Eleições 2026
A pesquisa também consultou os agentes financeiros sobre a corrida presidencial de 2026. Para 60% dos entrevistados, Lula será candidato à reeleição, uma queda em relação aos 70% da pesquisa anterior.
No entanto, 66% acreditam que ele não será o favorito na disputa. O nome que mais se destaca como potencial vencedor entre os entrevistados é o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), apontado por 93% como o candidato da direita com mais chances de derrotar a esquerda em 2026.
Outro dado indicado na pesquisa é que 68% dos entrevistados acreditam que o ex-presidente Jair Bolsonaro será preso, um aumento em relação aos 55% que tinham essa opinião em dezembro de 2024.