Lula encara risco-Trump, com viagem a Rússia e China
Missão é sinal político que pode agravar desconfiança do americano; viagem de 6 dias começa em 08 de maio
Christina Lemos|Do R7

A confirmação do novo giro internacional do presidente Lula foi recebida com cautela por atores da comunidade diplomática, que vêem na missão dupla Rússia-China uma sinalização de oposição à gestão de Donald Trump. Em três meses de governo, o americano tenta restabelecer o protagonismo dos Estados Unidos, principalmente na esfera comercial, elegeu a China como adversária, e já incluiu o Brasil entre países alvo de tarifas.
O governo brasileiro resolveu aceitar o convite de Vlir Putin para participar de ocasião solene em território russo. Trata-se do aniversário de oitenta anos da vitória dos russos sobre os nazistas na segunda guerra mundial, com solenidade prevista para 9 de maio. Para o evento, Putin convidou líderes de seu eixo ideológico de apoio. Lula estará ao lado, por exemplo, de Nicolás Maduro, da Venezuela, Xi Jinping, da China, representantes da Coreia do Norte e do Irã, entre outros.
A ocasião é vista como oportunidade para Putin explicitar os apoios que mantém entre líderes mundiais, apesar da forte oposição que enfrenta entre europeus e outros ocidentais, por causa da invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022. O russo também está impedido de deixar seu país sob o risco de ser preso ao entrar em território de 124 nações integrantes do Tribunal Penal Internacional, sob a acusação de crime de guerra, ao ordenar a deportação de crianças ucranianas para a Rússia.
De Moscou, Lula e comitiva devem seguir diretamente para a China, para mais um encontro oficial com Xi Jinping, numa missão de forte caráter comercial. O ministro da Casa Civil, Rui Costa, ou os últimos dias no país, na preparação para a chegada de Lula que incluiu uma maratona de encontros tanto com membros do governo quanto com a cúpula de corporações empresariais.
A agenda de Costa foi de conversas com os setores de energia e petróleo, infraestrutura de ferrovias e rodovias, naval e até tecnologia hospitalar. “Teremos anúncios de empresas chinesas que vão investir no Brasil”, promete o ministro, como ponto alto da visita de Lula, que se inicia em 12 de maio, no âmbito do encontro da Celac – Comunidade de Estados Americanos e Caribenhos, com o líder chinês.
China e Estados Unidos estão no centro de uma surda disputa comercial e política por hegemonia no cenário internacional, desde a posse de Trump. O líder republicano taxou importações do concorrente asiático em níveis sem precedentes e foi alvo da represália de Pequim. A escalada das tensões levou a perdas e turbulências ainda não sanadas por parte de grandes empresas e do mercado financeiro. Recentemente, Trump amenizou o discurso e sinalizou com a possibilidade de acordo, porém, sem avanço expressivo até o momento.
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