Empresa revoluciona o crédito rural com inteligência artificial
Plataforma da Nagro cresce em ritmo acelerado e amplia segurança em meio a alta de recuperações judiciais

A análise de crédito no agronegócio brasileiro vive uma transformação. Uma plataforma desenvolvida pela Nagro — fintech referência no segmento — combina big data, machine learning e inteligência artificial para oferecer uma visão inédita e preditiva sobre o risco dos produtores rurais.
Em entrevista exclusiva, Gustavo Alves, CEO da AgRisk, detalha como a solução abandona o modelo tradicional em favor de uma abordagem mais comportamental, integrada e estratégica.

Mundo Agro: Como a inteligência artificial do AgRisk se diferencia das soluções tradicionais de análise de crédito no agro?
Gustavo Alves: O AgRisk traz uma mudança radical na forma como o crédito agro é analisado ao abandonar o modelo puramente documental e financeiro em favor de uma abordagem comportamental e preditiva baseada em inteligência artificial. A plataforma utiliza uma combinação avançada de machine learning e big data para entender profundamente o histórico do produtor, identificando padrões comportamentais e financeiros, comparando-os com benchmarks setoriais. A automação proporcionada pelo AgRisk acelera significativamente as análises, reduz erros humanos e permite decisões mais consistentes e ágeis, tornando-se essencial para aumentar a capacidade operacional das equipes de crédito no agronegócio.
Mundo Agro: O que explica o salto de 9 mil para 2 milhões de créditos consumidos por mês na plataforma?
Gustavo Alves: Este crescimento exponencial é resultado da consolidação do AgRisk como a infraestrutura essencial para a tomada de decisão no mercado financeiro do agro. A combinação da ampliação da base de clientes estratégicos, como cooperativas e fornecedores de crédito , com melhorias contínuas na plataforma impulsionadas pela inteligência artificial, ampliou o valor percebido pelos usuários, tornando o AgRisk uma peça central e estratégica nas operações de crédito. Isso permitiu que nossos clientes aumentassem significativamente sua capacidade operacional sem necessidade proporcional de ampliação das equipes.
Mundo Agro: Quais são os principais desafios na análise de risco no agronegócio hoje — e como o AgRisk os resolve?
Gustavo Alves: O grande desafio hoje está na fragmentação e falta de visibilidade das informações sobre o produtor rural, dificultando análises confiáveis e ágeis. O AgRisk resolve isso ao reunir dados dispersos em uma plataforma única, utilizando IA para consolidar e interpretar automaticamente diversas fontes de risco como endividamento, processos judiciais e questões fundiárias. Isso proporciona insights claros, acionáveis e rápidos, permitindo que as equipes de crédito operem com muito mais segurança, eficiência e precisão, melhorando substancialmente a qualidade das decisões.
Mundo Agro: De que forma a plataforma consegue cruzar dados tão diversos como processos judiciais, endividamento e questões fundiárias?
Gustavo Alves: O AgRisk utiliza uma poderosa arquitetura tecnológica baseada em inteligência artificial e Big Data, capaz de integrar e interpretar automaticamente grandes volumes de dados provenientes de fontes públicas e privadas, como tribunais, Bacen, cartórios e birôs de crédito. A plataforma identifica padrões, alerta para riscos emergentes e oferece uma visão consolidada em tempo real, garantindo decisões mais rápidas, seguras e assertivas, potencializando significativamente a capacidade operacional das fornecedores de crédito do agro.
Mundo Agro: Qual tem sido o impacto do AgRisk nas decisões de crédito de cooperativas, indústrias e revendas?
Gustavo Alves: O AgRisk transformou radicalmente o processo de crédito no agronegócio, estabelecendo um novo padrão de governança e eficiência operacional. Ao centralizar dados e automatizar a análise, proporciona mais transparência, segurança e agilidade nas decisões. Como resultado, reduziu consideravelmente a inadimplência e possibilitou que nossos clientes pudessem tomar decisões de crédito com muito mais velocidade e confiança, fortalecendo as operações financeiras e otimizando o uso dos recursos disponíveis.
Mundo Agro: Em um cenário com aumento de recuperações judiciais, como a ferramenta tem ajudado a reduzir a inadimplência e o risco de crédito?
Gustavo Alves: O AgRisk atua como um sistema avançado de alerta preditivo, usando IA para detectar antecipadamente comportamentos financeiros e judiciais que indicam maior risco de inadimplência ou recuperação judicial. Ao identificar precocemente esses sinais, permite intervenções proativas e estratégias de mitigação eficazes, reduzindo limites, exigindo garantias adicionais ou recusando crédito, evitando exposição desnecessária e mantendo a saúde financeira das carteiras
Mundo Agro: Como o AgRisk colabora para aumentar a oferta de crédito num momento em que o mercado está mais cauteloso?
Gustavo Alves: O AgRisk aumenta significativamente a transparência e segurança no processo de análise, permitindo decisões de crédito mais assertivas e confiáveis. Com informações robustas e visibilidade ampla sobre a capacidade de pagamento dos produtores, as fornecedores de crédito conseguem liberar crédito com maior confiança, mantendo o mercado abastecido mesmo em momentos de retração econômica.
Mundo Agro: Como funciona o módulo “Imóveis Rurais” e qual sua importância na hora de aprovar crédito para produtores?
Gustavo Alves: O módulo de Imóveis Rurais do AgRisk foi desenvolvido para ir além de um simples cadastro de áreas. Ele realiza uma varredura completa de compliance, analisando se as áreas vinculadas ao produtor estão devidamente registradas, se existem sobreposições, vínculos com Fs/CNPJs terceiros ou indícios de uso irregular. Com isso, é possível entender com mais clareza o real potencial da área apresentada — tanto do ponto de vista produtivo quanto jurídico. Essa visão é essencial para quem deseja conceder crédito com garantias vinculadas à propriedade rural ou para validar a capacidade operacional do produtor. O resultado é mais agilidade no processo, menos retrabalho e decisões com base em dados confiáveis sobre a estrutura produtiva apresentada.
Mundo Agro: O o ao histórico de Rs e dados do Bacen é um diferencial importante. Como isso tem sido recebido pelos usuários?
Gustavo Alves: Esse é um dos avanços mais relevantes que o AgRisk trouxe ao mercado. Ao integrar informações de Rs registradas na B3 e CERC, junto com o endividamento financeiro declarado ao Bacen, a plataforma ou a oferecer uma visibilidade inédita sobre o grau de comprometimento do produtor rural. Antes, essa leitura era praticamente impossível — os dados estavam dispersos ou indisponíveis. Agora, o analista consegue entender com clareza quais compromissos financeiros o produtor já assumiu, com quem e em que volume, o que aumenta significativamente a transparência na concessão de crédito. Essa funcionalidade tem sido muito bem recebida pelos usuários, pois permite identificar situações de superalavancagem, evitar concessões arriscadas e fundamentar decisões com uma base de dados real e confiável — algo que o mercado agro sempre precisou, mas ainda não tinha.
Mundo Agro: Que tipo de insights a ferramenta gera para o produtor rural que busca crédito ou financiamento?
Gustavo Alves: Para os produtores, o AgRisk oferece visibilidade clara sobre sua posição financeira e de risco perante fornecedores de crédito e cadeia de fornecimento. Com insights detalhados e acionáveis, os produtores podem melhorar seu perfil de crédito, adequar garantias e ajustar suas práticas financeiras para se tornarem mais atrativos para financiadores, promovendo um relacionamento saudável e transparente entre produtores e fornecedores de crédito . Reduzindo sua percepção de risco frente ao mercado e consequentemente o seu custo de capital.
Mundo Agro: Como funciona a nova consultoria oferecida pelo AgRisk para personalizar políticas de crédito?
Gustavo Alves: A consultoria começa com um diagnóstico profundo da operação da empresa: entendemos o perfil dos clientes atendidos, a região de atuação, o histórico de inadimplência, os gargalos no processo atual de crédito e os objetivos do negócio — como expansão da carteira, redução de risco, maior velocidade de resposta ou foco em produtores de baixo risco. A partir disso, desenhamos uma política de crédito personalizada, definindo critérios de aceitação, pesos para indicadores de risco, níveis de tolerância e fluxos de aprovação sob medida. Tudo é ajustado diretamente na plataforma, permitindo que as análises sigam o padrão ideal para a operação daquela empresa. O grande diferencial é que não entregamos uma política genérica ou engessada — criamos algo que conversa com a realidade do campo, com o momento da empresa e com os tipos de produtores que ela quer atender. Isso traz mais eficiência, menos subjetividade e decisões muito mais alinhadas à estratégia comercial e financeira do negócio.
Mundo Agro: Por que é fundamental que a política de crédito esteja alinhada à realidade do negócio e atualizada com frequência?
Gustavo Alves: Porque cada empresa tem uma realidade única — em termos de região, perfil de cliente, apetite de risco e objetivos estratégicos. Uma política de crédito genérica ou desatualizada pode travar boas oportunidades ou, pior, permitir concessões arriscadas sem perceber. Por isso, é fundamental que a política esteja alinhada com a operação e com o momento da empresa — seja para acelerar vendas, reduzir inadimplência ou selecionar melhor os clientes ativos. O AgRisk permite ajustar essa política de forma rápida e prática, sempre que o cenário muda: seja o clima, o mercado ou a performance da carteira. Além disso, ao conectar a política diretamente à plataforma, garantimos que todos os analistas sigam os mesmos critérios, com base em dados e parâmetros validados — o que aumenta a governança, reduz subjetividade e melhora os resultados da área de crédito.
Mundo Agro: Quais os próximos os para a plataforma? Há planos de expansão internacional ou integração com bancos?
Gustavo Alves: O futuro do AgRisk inclui evoluir além da análise de risco, transformando-se em uma solução completa que cobre todo o ciclo operacional financeiro: desde o onboarding inicial dos clientes até a gestão da cobrança, ando pela concessão direta de crédito integrada na plataforma. Este avanço tornará o AgRisk uma ferramenta de ponta a ponta, essencial para fornecedores de crédito no agronegócio. Paralelamente, estamos acelerando a expansão internacional, aproveitando nossa experiência já consolidada com clientes que operam em quatro países da América Latina, oferecendo adaptações específicas para as necessidades regionais, fortalecendo ainda mais nosso posicionamento como líder tecnológico e financeiro na região.
Mundo Agro: Como a Nagro vê o futuro da análise de crédito no agro com o avanço da IA generativa?
Gustavo Alves: Acreditamos que o futuro da análise de crédito no agro a por um modelo cada vez mais estratégico, automatizado e inteligente. A tecnologia — e especialmente a inteligência artificial — não substitui o analista, mas transforma seu papel: sai o trabalho repetitivo e manual, entra a análise crítica, a leitura de contexto e a tomada de decisão com base em dados estruturados e confiáveis. Com o avanço da IA, tarefas como buscar certidões, cruzar informações de processos judiciais, conferir o endividamento ou identificar indícios de risco am a ser feitas em segundos pela plataforma. Isso permite que o analista ganhe tempo para avaliar exceções, conversar com a área comercial, propor ajustes de política ou acompanhar a performance da carteira — ou seja, atuar como um verdadeiro gestor de risco. Acreditamos que essa transição já está em curso — e o AgRisk tem sido parte ativa nesse processo. O futuro da análise de crédito no agro é mais técnico, mais dinâmico e cada vez mais conectado com a realidade do produtor e da operação.
Mundo Agro: A análise de risco pode ser usada também para garantir práticas sustentáveis ou ESG nas concessões de crédito?
Gustavo Alves: Sim, e essa é uma tendência cada vez mais presente no agro. A análise de risco já pode incorporar critérios relacionados à conduta socioambiental do produtor, como histórico de multas, embargos, conformidade com normas ambientais e reputação perante o mercado. Com o AgRisk, as empresas am a ter ferramentas para avaliar não apenas a capacidade de pagamento, mas também a responsabilidade na forma como o produtor conduz sua atividade. Isso permite direcionar crédito de forma mais consciente, priorizando clientes com práticas sustentáveis e que estejam alinhados a compromissos ESG. Na prática, isso significa usar a análise de risco não só para proteger o negócio financeiramente, mas também para fortalecer cadeias mais sustentáveis, éticas e resilientes — o que já é uma exigência crescente de fundos, investidores e grandes compradores do setor.
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