Café conilon ainda recupera preço este ano, apesar do aumento de produção no Brasil
A Conab estima produção brasileira de café conilon perto de 18,7 milhões de sacas em 2025

Após atingir preço recorde em fevereiro de 2025, quando foi negociado acima de R$ 2.000,00 a saca no Espírito Santo, o café conilon/robusta sofreu forte desvalorização nos meses de março e abril.
E a baixa nas cotações persiste em maio: nesta quarta-feira, o Indicador Café Robusta (07/05) elaborado pelo Cepea/USP com base em negociações nas regiões de São Gabriel da Palha e Colatina recuou 0,15% em relação ao dia anterior, negociado em média a R$ 1.657,00.
Não foi diferente na Bolsa de Londres, onde os contratos de julho no mercado futuro caíram 0,19%, fechando a US$ 5.238,00 a tonelada. Mas esse quadro pode mudar brevemente.
Mesmo com uma produtividade 28,3% maior nas lavouras de conilon e perspectiva de uma produção brasileira recorde de 18,7 milhões de sacas, a situação não altera o mercado, lembra Celso Vegro, pesquisador do Instituto de Economia Agrícola de São Paulo, o IEA-SP.
É que a Volcafé – líder mundial no mercado de café –prevê um déficit global de 4,6 milhões de sacas de conilon/robusta em 2024/2025. Esse déficit seria menor que o do ano anterior, que foi de 9 milhões de sacas, mas também não muda o cenário.
O déficit de café (arábica + conilon) no mercado mundial é estimado entre 15 e 20 milhões de sacas. “Diante desses dados, é muito provável que os preços tenham uma recuperação logo mais”, diz Celso Vegro. E há análises mais pessimistas.
O consumo de café cresce em várias regiões do planeta e a demanda mundial já estaria perto de 175 milhões de sacas por ano. A produção não aumenta no mesmo ritmo e há estimativas que nos últimos sete anos a baixa produção reduziu os estoques mundiais. Esse déficit global já estaria acima de 20 milhões de sacas. Os números indicam que os preços do café tendem mesmo a subir.
Os técnicos da Conab, no entanto, são cautelosos. No relatório divulgado esta semana lembram que em março deste ano os preços nas bolsas de Nova York e Londres tiveram baixa com receio de uma quebra na demanda global e boas colheitas estimadas no Brasil e na Indonésia.
Mas ficou claro: “não são esperadas quedas expressivas nas cotações em razão do baixo patamar dos estoques atuais”.
O que influenciou a queda atual
Pesquisadores do Cepea/USP ponderam que a baixa nas cotações resultaram das fortes oscilações no Exterior, em especial após a guerra comercial deflagrada pelo governo norte-americano, somadas as boas condições climáticas nas principais regiões produtoras do Brasil, com estimativas de maior produção, tanto no Espírito Santo como na Bahia e em Rondônia.
No Espírito Santo a colheita começou e avança mais este mês. O Cepea/USP apurou que em abril aproximadamente 5% da produção do estado capixaba já havia sido colhida e que chuvas vindas do final de abril teriam melhorado as condições das lavouras, favorecendo os talhões tardios. Maior produtor de café conilon do Brasil, o estado colherá cerca de 13,1 milhões de sacas este ano.
O último levantamento feito pela Conab aponta ainda que na Bahia estima-se uma recuperação na colheita de conilon de 28,2% este ano, totalizando em 2,5 milhões de sacas.
Se confirmada, o estado se tornará o segundo maior produtor de café conilon do país, ultraando Rondônia, onde a expectativa é de uma colheita de 2,28 milhões de sacas. (Colaborou Lucas Limão)
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