Entre 30 comissões na Câmara, apenas 6 têm presidência ocupadas por mulheres
Número representa 20% das cadeiras de comando entre colegiados; dois locais ainda precisam decidir nomes
Brasília|Lis Cappi, do R7, em Brasília

Entre as 30 comissões permanentes da Câmara, apenas 6 estão com mulheres na presidência. As escolhas para comandos de colegiados foram iniciadas na última semana e mantiveram a predominância masculina na condução dos trabalhos para o ano. Deputadas ocupam o equivalente a 20% do espaço.
A fatia ainda não leva em conta o futuro comando de dois colegiados: as comissões de istração e Serviço Público e de Desenvolvimento Urbano ainda vão eleger a presidência, em decisões que devem ser confirmadas nesta semana. No ano ado, os dois locais foram coordenados por homens.
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Até o momento, a quantidade de deputadas em presidências é maior do que o alcançado em 2024, quando cinco mulheres foram eleitas para o comando de colegiados. Mas a quantidade não alcançou o patamar recorde de 2021, que teve sete mulheres na figura de liderança.
Os dados compilados pela SGM (Secretaria-Geral da Mesa) mostram que o ano foi o melhor em representação desde 2003. A comparação também destaca o período de 2022, quando apenas duas mulheres foram presidentes de comissões.
Neste ano, os locais que contam com deputadas na presidência am pela própria Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, que elegeu a deputada Célia Xakriabá (PSOL-MG). Ela é a primeira indígena a chegar ao cargo e tem entre prioridades anunciadas o combate ao feminicídio e o efeito das mudanças climáticas para a economia de mulheres agricultoras e quilombolas.
Os outros colegiados ocupados por mulheres são:
- Meio Ambiente - elegeu a deputada Elcione Barbalho (MDB-PA), que já comandou outros colegiados como o da Mulher. A deputada é mãe do governador do Pará, Helder Barbalho, e promete uma gestão ligada à defesa ambiental. O colegiado terá destaque pela realização da COP30, prevista para novembro em Belém.
- Esporte - elegeu a deputada Laura Carneiro (PSD-RJ) e terá, pela primeira vez, uma mulher no comando do colegiado. A deputada prevê debates atuais ligados à área, como a questão racial e discussões ligadas às apostas esportivas.
- Cultura - será conduzida pela deputada Denise Pêssoa (PT-RS), que indica a discussão do Plano Nacional de Cultura como destaque em 2025.
- Integração e Desenvolvimento Regional - será conduzida pela primeira mulher eleita deputada federal por Sergipe, Yandra Moura (União). A deputada é também a primeira nordestina no colegiado e defende ações contra desigualdade regional e mais infraestrutura.
- Amazônia e Povos Originários e Tradicionais - sob comando de Dandara (PT-MG), a deputada destaca ações voltadas à COP30, a favor de comunidades tradicionais e pela preservação ambiental.
Raio-x do Congresso
Cada vez mais mulheres são eleitas para cargos políticos, mas a representatividade do público feminino ainda é baixa se comparada à realidade do país. Maioria da população brasileira (51,5% dos habitantes), segundo o Censo de 2022 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), as mulheres ocupam apenas 18% das cadeiras da Câmara dos Deputados (91 de 513). No Senado, o número é um pouco maior, com uma representação de 19,75% (16 de 81).
O número alcançado por deputadas federais nas últimas eleições é um avanço se comparado a anos anteriores. Em 2022, 91 foram eleitas para a Câmara, contra 77 em 2018 e 51 em 2014.