:root { --editorial-color: #556373; } body { writing-mode: horizontal-tb; font-family: var(--font-family-primary, sans-serif), sans-serif; }
Logo R7.com
Logo do PlayPlus

‘Captura de tela a cada cinco minutos’; veja como funcionam os celulares da Coreia do Norte

Medidas rígidas do regime norte-coreano são uma resposta à crescente entrada de conteúdo estrangeiro no país

Internacional|Do R7

Desde que assumiu o poder em 2011, Kim Jong-un mantém controle absoluto dos meios de comunicação
Desde que assumiu o poder em 2011, Kim Jong-un mantém controle absoluto dos meios de comunicação Reprodução/BBC

Um smartphone contrabandeado para fora da Coreia do Norte revelou o nível alarmante de controle que o regime de Kim Jong-un exerce sobre a comunicação digital dentro do país. A investigação é da BBC, que teve o ao aparelho por meio da organização Daily NK, sediada em Seul. O conteúdo do telefone mostra como o governo norte-coreano monitora e reprime até formas sutis de expressão pessoal.

O dispositivo, visualmente semelhante a qualquer outro celular moderno, possui um sistema operacional projetado especificamente para censurar e vigiar seus usuários. Palavras consideradas inadequadas, como termos populares na Coreia do Sul, são automaticamente corrigidas ou bloqueadas.

A gíria sul-coreana “oppa”, usada para se referir a homens mais velhos ou parceiros românticos, é substituída por “camarada”. Ao digitar o termo, o usuário recebe uma advertência: “Esta palavra só pode ser usada para descrever seus irmãos”.

Leia mais:

Outros termos também são alterados automaticamente. Quando alguém tenta escrever “Coreia do Sul”, o sistema substitui por “estado fantoche”, forma como o regime se refere ao país vizinho. O celular ainda realiza capturas de tela a cada cinco minutos e as armazena em uma pasta inível ao usuário, presumivelmente com envio direto às autoridades.


“O regime está usando os smartphones como ferramentas centrais de doutrinação”, afirmou à BBC o pesquisador Martyn Williams, especialista em tecnologia norte-coreana do Stimson Center, nos Estados Unidos.

“A Coreia do Norte está começando a ganhar vantagem na guerra da informação”, acrescentou Williams.


O sistema de vigilância não se limita aos celulares. Em 2023, Kim Jong-un criminalizou o uso de expressões e sotaques típicos da Coreia do Sul, classificando-os como crimes de Estado.

Jovens são abordados nas ruas por “esquadrões de repressão juvenil”, que monitoram cortes de cabelo, roupas e até os aparelhos pessoais em busca de conteúdos proibidos. A dissidente Kang Gyuri, de 24 anos, contou à BBC que teve o telefone confiscado e suas mensagens lidas por agentes do regime antes de fugir para a Coreia do Sul.


As medidas rígidas são uma resposta à crescente entrada de conteúdo estrangeiro no país, especialmente de mídia sul-coreana. Pen drives e cartões SD com músicas de K-pop e séries dramáticas são contrabandeados em caixas de frutas. Também há transmissões clandestinas via rádio feitas por emissoras estrangeiras durante a madrugada.

“O controle existe porque muito do que a ditadura diz à população é mentira. O contato com o mundo exterior desmonta a mitologia que sustenta o regime”, disse Williams.

Para Kang, que cresceu acreditando que o controle absoluto era a norma em todos os países, o contato com a mídia estrangeira foi um choque. “Achei que o mundo todo fosse assim. Quando percebi que não era, tive uma vontade desesperadora de ir embora”, afirmou.

Desde que assumiu o poder em 2011, Kim Jong-un mantém um controle absoluto dos meios de comunicação por meio de vigilância generalizada, punições severas para dissidentes e uma proibição rigorosa de informações externas.

Fique por dentro das principais notícias do dia no Brasil e no mundo. Siga o canal do R7, o portal de notícias da Record, no WhatsApp

Últimas


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.