O que é e como vai funcionar o ‘Domo de Ouro’, escudo antimísseis dos EUA
Inspirado no Domo de Ferro de Israel, sistema de US$ 175 bilhões pretende proteger país com rede de satélites e interceptadores
Internacional|Do R7

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta terça-feira (20) o projeto do “Domo de Ouro”, um ambicioso sistema de defesa antimísseis avaliado em US$ 175 bilhões (cerca de R$ 1 trilhão), inspirado no Domo de Ferro de Israel.
O programa, que procura proteger o país contra ameaças de mísseis balísticos, hipersônicos e de cruzeiro, está em desenvolvimento pelo Pentágono e será liderado pelo general da Força Espacial dos EUA, Michael Guetlein, segundo informações da agência de notícias Reuters.
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O Domo de Ouro foi concebido para integrar capacidades terrestres e espaciais, com uma rede de satélites – possivelmente centenas – para detectar, rastrear e interceptar mísseis em quatro estágios: antes do lançamento, no início do voo, no meio do trajeto e nos minutos finais, quando descem em direção ao alvo.
De acordo com a agência de notícias Associated Press, o Pentágono tem trabalhado em opções de custo “médio, alto e extra alto”, variando principalmente pela quantidade de satélites, sensores e interceptadores espaciais, que seriam usados pela primeira vez.
Trump, que assinou um decreto em janeiro para impulsionar o projeto, afirmou que o sistema estará operacional até o final de seu mandato, em janeiro de 2029. “Protegerá nossa pátria”, disse em uma entrevista coletiva na Casa Branca,
O republicano disse ainda que o Canadá expressou interesse em participar do programa. O gabinete do primeiro-ministro canadense, Mark Carney, confirmou discussões sobre um novo relacionamento econômico e de segurança com os EUA.
Inspiração no Domo de Ferro
O Domo de Ouro tem como modelo o Domo de Ferro de Israel, um sistema móvel desenvolvido com apoio dos EUA, que intercepta foguetes de curto alcance com cerca de 90% de eficácia, segundo o próprio Ministério da Defesa israelense.
A tecnologia calcula a trajetória de foguetes inimigos, verifica se ameaçam áreas urbanas e lança mísseis interceptores para destruí-los no ar.
O Domo de Ouro, porém, é mais amplo, incluindo uma vasta rede de satélites de vigilância e ataque para neutralizar mísseis logo após a decolagem, segundo a Reuters.
Trump já havia mencionado o Domo de Ouro em 2024, inspirando-se no sistema de defesa antimísseis “Guerra nas Estrelas”, projeto proposto por Ronald Reagan na década de 1980, mas que não foi implementado por limitações tecnológicas.
“Reagan queria isso há muitos anos, mas eles não tinham a tecnologia”, disse Trump, segundo a Reuters. Agora, com avanços tecnológicos, o presidente aposta no projeto como pilar da estratégia militar norte-americana, baseada no conceito de “paz pela força”.
Custos e incertezas
O financiamento do projeto é um ponto de incerteza. Legisladores republicanos propam um investimento inicial de US$ 25 bilhões como parte de um pacote de defesa de US$ 150 bilhões, mas o projeto de lei enfrenta resistência no Congresso.
O Escritório de Orçamento do Congresso (CBO, na sigla em inglês), órgão independente que analisa o orçamento federal, estimou que os componentes espaciais do Domo de Ouro podem custar até US$ 542 bilhões em 20 anos, segundo a AP. A Reuters cita uma projeção ainda mais alta do CBO, de até US$ 831 bilhões no mesmo período.
“O novo ponto de referência é US$ 175 bilhões, mas a questão é: por quanto tempo? Provavelmente serão 10 anos”, disse às agências Tom Karako, do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais.
Resposta da China
A China expressou “séria preocupação” com o Domo de Ouro, alegando que ele tem “fortes implicações ofensivas” e aumenta os riscos de militarização do espaço e de uma corrida armamentista.
Em uma entrevista coletiva nesta quarta-feira (21), o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Mao Ning, instou os EUA a abandonarem o desenvolvimento do sistema, segundo a Reuters.
A China foi apontada como a principal ameaça militar e cibernética aos Estados Unidos pela diretora de Inteligência Nacional dos EUA, Tulsi Gabbard, e por líderes de agências de segurança do país durante audiência no Comitê de Inteligência do Senado, em março deste ano.
O documento diz que a China possui capacidade de atingir os EUA com armas convencionais, comprometer infraestruturas americanas por meio de ataques cibernéticos e alcançar ativos no espaço, de acordo com a Reuters.
No início daquele mês, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, disse que o país está preparado para enfrentar “qualquer tipo de guerra” contra os Estados Unidos, em resposta às tarifas comerciais impostas por Trump.
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