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Joel Rennó Jr

Bebês reborn mostram que estamos longe do fim de tabus e preconceitos quando o assunto é saúde mental

Febre dos bonecos levanta debate sobre saúde mental entre mães

Joel Rennó Jr|Do R7

Discussão sobre bebês reborn precisa fugir de generalizações Valter Campanato/Agência Brasil

A questão dos bebês reborn é ampla e complexa e contraindica qualquer análise reducionista. Mesmo profissionais têm cometido esse deslize ao levar o debate a questões de gênero e isso cria um perigoso viés de análise imparcial e técnica mais aprofundada.

O limite entre o normal e o patológico na área de saúde mental é mais tênue do que as pessoas leigas imaginam ou pensam a respeito.

Simbolismos fazem parte de nossa existência e o nível de uso e aplicação dos mesmos na vida real difere entre as pessoas. Alguns podem ser benéficos em determinadas situações e outros, em grau excessivo e com fuga da realidade, são extremamente lesivos à saúde mental. Não há ressignificações ou curas sem literalmente colocarmos o dedo em nossas feridas psicológicas.

Mas vamos lá. Em primeiro lugar precisamos fugir de generalizações que colocam todos os casos em um único “balaio”. Isso é básico.


Hoje vivemos em uma era onde a busca incessante da felicidade, da autoimagem perfeita, da negação da dor e do mundo ideal tornaram-se uma obsessão nas redes sociais. O artificialismo e até a enganação prevalecem.

Cuidar de um ser inanimado, tipo um boneco, evita os enfrentamentos dos grandes desafios da maternidade real (paradoxos, exaustão, culpas e medos).


As pessoas fogem o tempo todo das frustrações e dos desafios em lidar com as mesmas. Muitas mães, até por questões narcisistas ou perfeccionistas, não querem viver com suas imperfeições legitimas e normais representadas em um bebê de carne e osso.

Claro que todas as pessoas podem ter o hobby que escolherem. Se os homens podem ter coleções de carrinhos, videogames e outros, as mulheres têm todo o direito de colecionar bonecas, mesmo que sejam os tais bebês reborn, muito realistas.


Ninguém pode jamais discriminar o gênero feminino por tal questão, e não é isso que está em discussão, e sim como se estabelece esse vínculo e convivência com tais bebês. Não podemos levar a discussão desse tema tão importante aos objetos em si, mas sim ao significado emocional que eles representam.

Esses bebês reborn não podem significar a fuga de uma realidade inexorável a todos os seres humanos, negando emoções importantes no processo de amadurecimento psíquico devido à busca de uma zona de conforto e omissão.

Bebês reborn não podem significar a fuga de uma realidade inexorável a todos os seres humanos Valter Campanato/Agência Brasil

Ao transformar o bebê em boneco, riscos de negligência sérios podem ocorrer com consequências graves. E ao transformar o boneco em bebês reais, como infelizmente algumas mulheres estão fazendo, isso pode ser o desencadeador de graves distúrbios mentais em pessoas predispostas.

Essas mulheres não podem ser taxadas sumariamente de desequilibradas. Precisa haver respeito, escuta e acolhimento afetuoso a todas.

Brasília (DF), 16/05/2025 - Bebê reborn. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil Valter Campanato/Agência Brasil

Precisamos entender que tipo de sentimento esse vínculo mascarado pode estar escondendo. São mulheres deprimidas ou ansiosas? Com medo? Perfeccionistas? Com baixa autoestima? Com solidão? Que se sentem excluídas de um grupo social ou familiar? Com transtorno de personalidade?

Enfim, cada caso requer uma análise individual e específica, com atenção à saúde mental. Nessas horas vemos que ainda estamos muito longe do fim de tabus e preconceitos quando o assunto saúde mental precisa de uma abordagem séria e qualificada.

O que não pode é a sociedade enlouquecer junto ou estimular indiscriminadamente tais comportamentos, até com fins mercantilistas de explorar a fragilidade alheia.

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Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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